quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Castelo e a Solidão - A Saga - 2

De longe ele vê seu castelo...
Retorno cansativo, a luta foi exaustiva.
O corpo está judiado, a mente foi torturada.
Mas o que importa, é que ele enfim chegou...
De longe ele vê, o corpo relaxa.
Ele está em casa.



Ao entrar sabe que está sozinho,
Pois os seus nem sempre podem estar lá.
Por um tempo, não é correto que estejam.
As batalhas são muitas, guerras diárias,
Lutas intensas.
Os seus só estarão seguros ao seu lado,
Quando as lutas diminuírem (elas nunca acabam),
Quando elas quase cessarem.

O castelo é enorme... Até certo ponto
Sombrio.
Naqueles corredores, há um tempo atrás,
Ecoavam gritos e risadas.
Os seus, enchiam de alegria e paz os cômodos.



Ele retira sua companheira...
A velha armadura negra...
Aquele peso saiu de suas costas.
Sem ela, ele vira outra pessoa.

Rasga um pedaço de um pão,
Enche sua caneca de vinho...
E senta-se na mesa... ali fica horas.
Fica pensando em quando era um guri
Que vivia trepado nas arvores, brincando.
Dia após dia, sem medo, responsabilidade
Apenas vivendo...
Os olhos marearam.

Lembrou do dia que largou tudo que sabia.
Não confiava no “maldito” destino...
Largou a armadura, foi criar cabras.
Mas a história de um homem,
É escrito pelo Arquiteto maior...
Nem uma folha cai sem que ele saiba.

Pois bem... o homem quando nasce cavaleiro,
Não adianta brigar, não será pastor, nem agricultor,
Não será professor, muito menos sacerdote...
Nasceu cavaleiro, morrerá cavaleiro.

Mas como diria o sábio:
Não se aprende a andar sem cair, pelo menos, um tombo.

Ele ali sentado, pensando em tudo isso...
Seu rosto, antes lavado com o suor do combate,
Agora estava molhado pelas lágrimas...
Estas escondidas e guardadas para as oportunidades certas,
São poucas, mas ainda assim, existem.
Estava ele lá perdido.
Pensamentos soltos, lágrimas e soluços.



Mas não enfraqueceu, pensou...
Pelo contrário, fortaleceu-se, ficou mais frio.
Lembrou o quão caro foi ter se transformado num homem frio.
Quantos choraram aquelas lágrimas que hoje são dele.
Quantos fugiram por medo de seus olhos vazios...
Vazios e penetrantes. Chorou mais uma vez.

Mas do longe escuta um barulho...
Um barulho o qual seu ouvido ainda não está acostumado.
Um barulho estranho, mas muito agradável.
Por dúvida, sorve o vinho e empunha a espada.
Qualquer que seja, estará preparado.
Adrenalina aos montes, nervos rígidos... coração batendo louco.

Mas o som verdadeiro chega...
Meu ouvido não é acostumado, barulho de risos.
Risos de criança... ainda não me acostumei.
Fui sozinho por muito tempo, não tinha por quem lutar.
Hoje sou 4, as vezes dez, mas sou muitos... Amo muitos.

Orgulhoso, me sento.
Divido o pão e coloco mais vinho na caneca, em outras refresco.
As lágrimas mudaram de sabor... estão mais agradáveis.
Os corredores agora ecoam risadas.
A mesa cheia, o coração cheio.
As vezes paro e penso, como é bom estar em casa.

6 comentários:

  1. Não podia deixar de fazer o primeiro comentário nesse post, porque assim que o li pela primeira vez, não pude conter as lágrimas...
    De felicidade e realização! Amor, ter você ao meu lado é o que me da forças pra seguir meu caminho, pq sei que ele termina ao teu lado! Te amo muito! O tempo todo!!!

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  2. Até que ponto a realidade e a ficção se fundem ao ponto de descrever vidas e sentimentos? Belo texto. E que o cavaleiro possa ouvir muitas e muitas risadas ...

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  3. A velha armadura negra...
    Aquele peso saiu de suas costas.
    Sem ela, ele vira outra pessoa.

    Amores, vcs são demais. Muitas chicotadas em vcs.

    Bad Dreams amores.

    Kisses Elvira.

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  4. Perfeito!!
    Acho que essa é a melhor palavra para descrever o que acabei de ler...
    Perfeito... como perfeita é a vida... e como perfeito é o amor de vcs dois...
    Conseguiu misturar lindamente a ficçao com a maravilhosa realidade que tu vivencia...
    Parabéns Fera, doce Fera... hahaha
    Beijos ao casal mais lindo do tt
    Adoro vcs

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  5. Muito bom. Como gostaria que fosse fácil para todos tirarem as armaduras, talvez uma metáfora de tirarmos nossas máscaras e nos sentirmos mais leves além sermos mais nós mesmos...
    Obrigado mais uma vez, sempre me faz refletir!
    Valeu! Um abração!

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  6. Pô,texto lindo!! Vcs dois de revelaram poetas agora, foi? ahahaha...Galera, demais o texto!! Suas poesias tão me surpreendendo!!
    Abraço...Parabéns!!!!

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