quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Arrependimento, Amor, Fim e Redenção - Saga Final

Aquelas malditas festas…
Como sofria o Coronel
Naquelas Malditas festas,
Seu coração,
Antes frio e sem medo,
Agora descongelado,
Sentia a dor da humilhação.

Estava deitado na cama...
Os pensamentos lhe corroíam.
Corroíam seu coração, sua cabeça...
Mas principalmente sua alma.

Alma atormentada...
Talvez pelas almas que atormentou,
Pelas torturas que praticou.
Quem sabe pelas risadas...
Não aquelas risadas de felicidade,
Mas sim, das risadas daquelas pobres carcaças.
Carcaças de pessoas humilhadas.

As noites nunca acabavam.
O sono nunca era tranqüilo.
Muitas vozes o atormentavam no escuro,
Mas algumas lhe davam esperanças e força.
Algumas lhe diziam coisas boas.
Muitas lhe diziam palavras de perdão e paz.

A porta do quarto se abriu lentamente...
Os pensamentos somem.
Ele olha, vê apenas um vulto...
Um vulto alvo e de cabelos negros
Um vulto com uma aura acalentadora
Um vulto com um olhar
Sereno e apaixonado.

Em segundos o beijo apaixonado acontece...
Em segundos os corpos se entrelaçam...
O cheiro dela era puro,
Seu gosto era doce...
Doce como uma fruta silvestre.


Nunca em sua vida,
Ela sentira tanto amor.
Nunca recebera tanto carinho...
Ela nunca havia conhecido um homem.
Ficou com medo daquele,
Ele era grande e pouco delicado.
Mas seu coração a empurrou.
Seu corpo não a obedeceu.
Sua alma a acalmou.

As almas apaixonadas viajaram...
Saíram daquele local de guerra e tristeza.
Naqueles longos minutos
Seus corpos...
Suas almas se transformaram em uma só.

Eles se tornaram um só.
Não apenas durante aquele ato de amor,
Mas também durante as horas...
As horas que passaram apenas ouvindo...
Ouvindo as respirações e os corações.
Sincronizados, como se só um fossem.

Não dormiram...
Não queriam que aquela noite acabasse.
Promessas de amor foram feitas.
Mas uma a mais importante...
A baixa do Herói de Guerra.
O fim da carreira do caçador de judeus.

Ele havia desistido daquela loucura.
Queria paz para sua alma.
Queria voltar para a fazenda
No interior da Alemanha.
Ele e sua família.
Seu pequeno anjo e sua agora Esposa.

Como todos os dias ele levantou.
Vestiu com esmero sua farda.
Todas aquelas insígnias...
Não lhe davam tanto orgulho
Estava decidido...
Pelo amor, por sua família,
Abandonaria o seu orgulho...
Pediria sua baixa.

Ao sair do sobrado percebeu uma inquietação.
Muitos jipes em disparada.
Correria de soldados.
Correu ao QG.
Todos jogavam papeis no fogo.
Eram arquivos com nomes e locais.
Ele conhecia os papeis,
Eram relatórios diários
Mandados ao Alto Comando.
Nomes de judeus e os locais onde se encontravam.
Nomes dos Campos de Concentração.

Foi ao encontro do Comandante da ocupação.
Aquele homem sisudo e imponente
Estava com cara de criança que fizera traquinagem
Criança que aguardava o castigo iminente.
Perguntou-lhe o que estava acontecendo.
O Comandante apenas respondeu:
“Os Russos chegaram...
Passaram todas as nossas defesas...
O Alto comando ordenou RETIRADA!”

O Coronel sentiu sua espinha congelar...
Sabia que seria julgado e condenado.
Seus atos contra os judeus
Eram imperdoáveis.

Esqueceu seu orgulho e correu...
Correu para o sobrado.
Precisava fugir.
Enquanto corria pesou...
Agora sei como se sentiam aqueles coitados.
Sabia o que era se sentir caçado.
Sentiu o sabor na morte chegando.

Entrou em casa esbaforido...
Apenas gritava: “Arrumem o que puderem...
Temos que sair daqui... Os Russos chegaram!”
Mal teve tempo de terminar a frase.
A porta foi aberta com um chute.
6 homens falando um Alemão arrastado gritavam:
“Para o chão porco assassino!”

Não sabia o que fazer...
As armas engatilhadas miravam seu corpo...
Em um piscar de olhos estava dominado.
Dois lhe seguravam pelo braço.
Outro segurava a criança que apenas gritava:
“Papai, Papai!”

Outros dois tinham muito trabalho
Ela era frágil, mas era forte.
Era a força do amor agindo em seu corpo.
Enquanto ela se debatia gritava:
“Ele não é assassino... Ele nos salvou!
Não levem meu amor... Ele é bom!
Não tirem minha família novamente!”

Sendo levado,
Completamente impotente,
Só pode olhar para trás...
Viu pela última vez aqueles olhos.
Estavam assustados e arregalados.

Mas por um segundo,
Aqueles olhos serenaram...
Ficaram daquele jeito acalentador.
Baixinho os lábios se moveram.
Ele só pode ler.
“EU TE AMO”.

Ele baixou a cabeça,
Uma lágrima correu seus olhos.
O Coronel se tornara um prisioneiro,
Estava a mercê dos inimigos,
Assim como muitos estiveram.
O sonho de ser feliz e ter uma família, acabou.

25 anos se passaram...
Um velho homem remoia seus pensamentos.
Quando ouve seu nome.
Um homem alto, loiro e de terno lhe chamara.
Ele sentiu algo na alma.
Reconhecera de algum lugar aquele jovem distinto?
Se apresentou como um médico tcheco.
E lhe chamou de papai.

O coração do Coronel prisioneiro,
Antes um homem forte e imponente
Hoje um homem velho enfraquecido pela idade,
Bateu mais forte...
Como se o tempo voltasse,
Ele vira aquela criança loira...
Aquele anjo que lia livros junto com sua amada.

Ele nunca a esquecera.
Segundo o jovem ela também.
Chorou ao saber que ela se fora a 3 anos.
Que rezava todas as noites...
Queria que aquele que Ela amou
Fosse lhe buscar no dia marcado pelo destino.
Viram fotos, choraram.
Ele era “Avô” de um menino com seu nome
E de uma menina muito esperta,
Aprendera tudo com sua “Avó”.
Mas com pesar receberam a notícia.
Chegara o fim a visita.
O jovem saiu prometendo voltar.
Ele jurou esperar.

Mas a promessa não se cumpriu,
Pela primeira vez,
Aquele honrado homem não cumpriu sua palavra.
Pois naquela mesma noite mais uma visita apareceu.
Uma figura alva, com cabelos negros.
Um olhar acalentador e sereno.
Ele chorou copiosamente.

Era Ela.
Ela também viera visitá-lo.
Não havia envelhecido.
Era igual como ele sempre lembrava.
Ela lhe ofereceu a mão e disse:
“Venha meu único AMOR
Vamos sair daqui.”

Ele segurou aquela mão delicada.
Saíram caminhando calmamente,
Conversavam empolgados,
Tinham muito a contar uma ao outro.
Saíram felizes e serenos.
Prometeram nunca mais se separarem.
Voltaram a ser um só...
Igual naquela noite mágica.



 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amor, Família e Embuste – Saga 5

Tudo havia mudado radicalmente no coração militar.
Um novo e desconhecido,
Até então,
Amor brotara em seu coração.
Uma criança,
Agora tida como sua,
Fazia as tardes daquele frio Coronel SS
Tenras e divertidas.



Os sentimentos antes misturados,
Feito uma massa disforme em seu peito,
Após bem trabalhados,
Tornou-se algo lindo e cheio de vida,
Assim como os Apfelstrude de Cololônia.
O sentimento era embriagante
Como as weinzenbier da Baviera.

Tornaram-se uma linda família.
Ele saia todos os dias para sua função.
Ela cuidava da casa,
Ensinava alemão ao pequeno,
Com a mesma paciência e amor
Com o qual o Nazista a ensinava.
A cena era, mesmo diária,
Emocionante para ele.
A bela jovem com a criança no colo
Ambos lendo em alemão.
Ambos riam das pronúncias estranhas
Ficam engraçadas ditas por aquela bocas delicadas.

Para que pudessem sair e aproveitar o Sol
Saiam para fazer piqueniques,
O embuste era que sairiam para caçar.
A empregada carregaria os apetrechos.
O órfão servia para buscar alguma caça atingida.
Mas saberem estarem sozinhos,
Logo estendiam a toalha, arrumavam os quitutes.
E o menino corria livre, como um pássaro solto no ar.
Eles liam, se olhavam por uma eternidade.
Vez ou outra trocavam um tímido beijo.
Eram momentos mágicos.
Pinturas jamais colocadas numa tela.
Era a expressão do amor.
A paixão adulta, a paixão fraterna,
A paixão dos corações perdoados.



Mas nem tudo eram rosas.
Por sua posição de importância,
Muitas vezes, deveria recepcionar seus “companheiros”.
O belo sobrado do Oficial SS enchia-se de outros oficiais.
A bebida cara e farta.
A música alta e sem hora para silenciar.
Gargalhadas, histórias de batalhas.
Gargalhadas, histórias de Campos de Concentração.
Gargalhadas, jovens Tchecas prostituidas,
Usadas ao bel prazer daqueles velhos homens.



Infelizmente não tiveram a mesma sorte...
Pensava o Coronel.
Nem todas puderam ser ao mínimo respeitadas.
Mas não era isso que mais o chateava.
Nestas festas, Ele deveria voltar a ser frio,
Deveria se portar como os outros.
Tinha que trata-la com desprezo e grosseria.

Ela era uma Judia suja.
Ele, um Oficial Alemão condecorado.
Rezava internamente.
Orava pelo fim daquelas noites.
Clamava pelo fim daquela maldita guerra.
Asseverava poder ser feliz.
Queria o fim do embuste.
Queria voltar com sua família para casa.
Queria mostrar a todos o quão feliz estava.



Mas o mais impressionante, o que mais o atraia
É que apesar de todos os insultos,
Todas as barbáries ditas a Ela aquela noite,
Apesar de tudo que Ela foi obrigada a presenciar,
Ela em momento algum o desprezava,
Em momento algum ela o fitava com raiva,
Pelo contrário, ela o fitava com ternura,
As vezes com pena,
Pois ela conseguia ver sua alma,
Sabia que aquilo tudo torturava mais Ele,
O homem frio e destemido,
Do que a Ela,
A frágil figura alva e desprotegida.

domingo, 12 de dezembro de 2010

RECESSO!!!

Por motivos de casa cheia, bagunça e muita magrela na casa da fera, dia 17/12/10 continuação da saga ocorrida na Segunda Guerra Mundial...
Agradecemos aos amigos por continuarem nos seguindo e aguardarem nossas postagens.

Agora me despeço porque não aguento mais ouvir a Fera me chamando para ajuda-lo a preparar o jantar... kkkkkkkkkkkkkk
Beijos nas meninas e nos meninos também...


Bela e Fera...


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Encanto, decepção, humilhação e culpa – Saga 5

O Coronel secou as lágrimas.
Tentou com todas as forças
Retornar a realidade.
Ele era um Oficial SS.
Eles, judeus, inimigos.
Tinha que planejar tudo.
Era um estrategista.

Mas ficava difícil,
Seu cérebro militarmente treinado,
Não vencia a batalha contra o coração apaixonado.
A cabeça estudava as atitudes a serem tomadas.
O coração só enxergava uma família.
Como este militar queria uma família.
Por anos, sua única família foram seus companheiros de guerra.

Logo fortes batidas interromperam seus pensamentos.
O QG ordenara a retirada de todos os judeus das casas.
Quem não tivesse os papeis seguiria para um destino,
Os cadastrados teriam que obedecer aos preparativos:
Cabelos raspados, tatuagem e desinfecção.



Mal teve tempo de argumentar,
Os soldados levaram sua “esposa”.
Seu “filho” foi poupado, pois o Coronel disse:
“Esta criança não é judia”
Mal os “seqüestradores” viraram a esquina,
O SS correu ao QG,
Queria saber qual o motivo de seu pedido ser desrespeitado.
Nunca tivera um favor não realizado.

Ao ver o Comandante da ocupação
Indagou o motivo de sua empregada ser levada com os outros.
Usou do respeito que detinha perante o exército.
Analisaram os papéis e acharam o erro.
Um equívoco jogara sua amada na lista do trem.
O trem rumo aos campos.

Deixou o menino aos cuidados das enfermeiras.
Correu como louco,
Cada minuto era fatal.
Se não chegasse a tempo,
A linda figura alva,
Teria o mesmo destino de milhares,
Seria levada a um Campo de Concentração
E como muitos,
Nunca mais seria encontrada.



Chegou esbaforido, mas logo acalmou,
Ela ainda estava na fila,
Não havia embarcado,
Pois caso a embarcassem,
Nem ele poderia fazer nada.
Respirou fundo,
Ajeitou a farda,
Enrijeceu a fronte (era conhecido pela frieza)
Passou em revista pela fila de mulheres.
Apontou com desprezo para ela.



Logo dois soldados a retiraram da fila,
E foi levada para outra fila,
A fila dos que seriam cadastrados.
O Oficial parou e olhou as duas filas.
Sentiu algo que nunca sentira,
Decepção.
Estava decepcionado com ele.
Sentia-se um mostro.
Estava decepcionado, pois ele
Fazia parte daquilo.
Ajudara a fazer aquele horror.

Após a bela moça fazer o cadastro,
Foi levada para que lhe cortassem o cabelo.
Ela olhava de forma desesperada para Ele,
Enquanto lhe cortavam de forma violenta
Os belos cabelos negros.
A cada mecha negra caída,
Uma lágrima escorria dos olhos dela.
A cada fio negro azulado no chão,
Uma faca furava o coração do Coronel.



Ele sentia-se impotente.
Nunca se sentira assim...
Era impotente,
Pois diante da tortura aplicada
Ao seu amor,
Pelo bem dos dois, dos três,
Ele deveria manter-se inerte.
Se no mínimo desconfiassem
Da traição que estava acontecendo,
Os três seriam enforcados.


Após ter belos cabelos negros
Raspados de forma grosseira,
Ela foi levada para outra fila.
20799723 este foi o código.
Este número nunca saíra da cabeça Dele.
Este foi o número que tatuaram Nela.
Aquela pele alva, Branca como a neve,
Estava violada pela ignorância de seu povo.
Mais uma vez, sentiu-se decepcionado.
Ao lembrar-se de tudo que já havia feito
Até aquele olhar cruzar com o Dele,
Seu estômago embrulhou.
Decepção e culpa corroíam seu peito.

Nem mesmo recuperada
Das outras torturas sofridas,
Ela teve suas roupas arrancadas
E junto com outras dezenas de mulheres
Foi jogada dentro de um cômodo.
Não media mais do que 3x3.
Ele de fora, remoído de culpa
Viu os soldados abrirem o registro.
Os gritos vindos lá de dentro eram horríveis.
O ouvido do Militar apaixonado pelo inimigo,
Choraram junto com seu coração.



Ao sair daquele terror,
Foi levada em seu carro para casa.
Ele mal conseguia olhar para Ela.
A força que o Oficial fazia
Para que seu remorso não transparecesse
Era pior do que agüentar a dor de um tiro.
Ele não se perdoara.
Pois aquela linda moça,
De pele alva e cabelos negros azulados e de olhar penetrante,
Depois de toda a tortura sofrida,
Estava destruída, parecia um doente terminal.

Ao entrarem em casa
Ele pediu para que ela sentasse,
Num repente, ele se atirou aos pés dela.
Chorando compulsivamente
O antes grande Oficial da SS,
Transformou-se numa criança frágil.
Aos prantos pedia perdão.
Perdão pelo que Ele a fizera passar.
Ela levantou a cabeça do Coronel, molhada em lágrimas.
Com um olhar sereno, fiel e apaixonado,
Ela simplesmente disse:
“Ich liebe dich. "